segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Entrevista: O Matrimônio na Vocação Discípulos da Mãe de Deus

Como é vivido o Matrimônio na Vocação Discípulos da Mãe de Deus?
1 – Quando você sentiu o desejo de viver a vocação Discípulo da Mãe de Deus na Igreja?
Toda e qualquer vocação, só tem razão de existir se for na Igreja e para a Igreja. É preciso primeiro entender o sentido da palavra VOCAÇÂO. Todas as pessoas tem suas aptidões, suas disposições e talentos, que sendo naturais ou apropriadas só existem por permissão e capacitação Divina. Deus dá a cada um de seus filhos uma habilidade especifica de responder ao seu “chamado” em um determinado “CHÃO” (forma de vida, como um lugar a ser vivida uma experiência, um carisma).

É justamente aí que começa a história de nossa Fraternidade. Tanto eu como César fomos percebendo algo crescendo em nosso coração... Um desejo irreprimível de anunciar as grandezas da Santíssima Virgem e fazer com que outras pessoas se entregassem a Ela pela escravidão de amor, através de encontros e propostas de uma vida voltada para as virtudes de Nossa Senhora...  Mas não tínhamos um CHÃO.
Buscávamos conciliar lugares e adaptar o nosso coração a vivências e a situações já existentes, mas nada saciava a nossa sede. Até que percebemos que Deus mesmo sendo criador, Ele permitia inaugurar uma nova obra através de nossa resposta ao Seu chamado depositando em nós o Carisma (fazer a Virgem Maria mais conhecida e amada).

Compreendemos que o nosso “sim primeiro”, fosse a permissão que Deus esperava para então ser decretada e aprovada por e pela sua Igreja a fundação de  nossa Fraternidade. Pois a partir deste sim, dado em 1º de janeiro de 2004, foi anunciada no altar uma nova experiência até então conhecida no coração do PAI: Fraternidade Discípulos da Mãe de Deus

2 – Como você faz para se tornar modelo para os outros na sua vocação?
A palavra de Deus, para a nossa Fraternidade está em I Tm 4, 12-16. Entre outras diretrizes fala em ser modelo: “Ninguém te despreze por seres jovem. Ao contrário, torna-te modelo para os fiéis, no modo de falar e de viver, na caridade, na fé, na castidade.”
A palavra “modelo” pode ser entendida como representação de uma situação ou de uma coisa original e impecável.  Assim, só seremos modelo, se buscarmos copiar a “peça matriz”. É olhando para a Virgem Maria, “peça sem mancha e molde perfeito” e buscando imitá-la, que nos tornamos “modelo Dela” para outras pessoas.
Nossa Senhora é a fonte de nossa inspiração, assim nossas ações estando conforme a vontade da Virgem Maria estará de acordo com a vontade de Deus. Em cada situação da vida, os discípulos da Mãe de Deus devem se perguntar: Como a Virgem Maria faria, ou diria, ou regeria? Quando as pessoas estiverem “copiando” esta nossa ação e porque estão vendo em nós um modelo de santidade. Nosso objetivo é fazer multiplicar as pessoas que em tudo estejam em Maria, por Maria, com Maria e para Maria.

3 – Como conciliar vocação e estado de vida nas atividades do dia-a-dia?
Entendamos que Deus é Criador e tudo o que Ele faz é perfeito, harmônico, não há contradição e nem provoca divisão, nem brigas. Existem coisas que as criaturas podem escolher, pois Deus não nos tirou a liberdade. Posso escolher usar azul ou vermelho, cabelo longo ou curto, pecar ou não.
Estado de vida - Não temos o poder de escolher o nosso sexo. Ter corpo de homem ou mulher só Deus pode determinar. Mas como homem ou mulher, também é Ele que determina os estados de vida, seja o sacerdócio, celibato ou matrimônio.
Vocação - Escolher o local onde vamos usar ou estar como caminho de santidade não está em nós. Isto é também escolha e determinação Divina. Deus dá há cada um, um carisma, um chamado e determina onde vamos professar, ou seja, responder este chamado. Ele é “inteiramente responsável” em criar situações para nos fazer “cruzar” e reconhecer o nosso chamado, a nossa comunidade. Se estamos atentos ou distraídos aos sinais de Deus, é outra coisa...
Particularmente, tenho a convicção que é possível viver os dois chamados com felicidade, sem considerar peso nem um, nem o outro. Foi Deus quem escolheu meu estado de vida no matrimônio e me mostrou que deveria abraçar o caminho da Fraternidade, enquanto vocação. Assim, Deus me dá a capacidade, de com sua graça viver os seus chamados.  Ele jamais me daria um fardo que não pudesse carregar. Ele não me apontaria uma vocação para destruir o meu matrimônio.
Cabe tanto a mim, como aos de qualquer estado de vida da Fraternidade: a clareza nos sentimentos, para discernir os momentos das “renúncias e das missões”; o diálogo que não pode faltar e o equilíbrio, que deve ser constante para saber honrar tanto o estado de vida como a vocação, como presentes de Deus.
É imprescindível saber que como matrimônio, tenho que dar uma hora para tudo. Uma hora para ser fundadora, esposa, mãe, filha e mulher, sem ao mesmo tempo, deixar de ser tudo na Virgem Maria.
Se for em Maria uma boa fundadora, os membros me ajudarão a ser mãe;  se for uma boa esposa, meu marido, “meu fundador” me ajudará a ser fundadora; se eu for uma boa mãe, minhas filhas me ajudarão a viver minha vocação. Se for uma boa filha, todos me verão como modelo. Em resumo, se todos forem preenchidos com amor, não haverá contendas entre eles.

4 – A vivência fraterna na comunidade ajuda no discernimento do estado de vida?
No meio comum das paróquias não se fala tanto na definição dos estados de vida. Se perguntarmos a algum jovem, qual o seu chamado para o estado de vida? Será grande a possibilidade dele não saber o que isto significa. É claro que ele tem uma idéia do que é ser padre ou uma pessoa casada, mas pode não compreender o que seja o celibato.  No Maximo pode dizer... : “ficou pra titia”
È natural o pensamento: Nasce, cresce, reproduz e morre.  Mas será que alguém, pode estar pensando que tanto o padre como o celibatário, não dão frutos?
As pessoas de uma comunidade vêm de lugares e culturas diferentes, cada um traz seus conceitos, preceitos e valores que aprenderam em suas vidas. Se algum tipo de comunidade estiver pensando apenas na vivência fraterna e prazerosa e não estiver voltada para os ensinamentos e verdades da Igreja, esta convivência em vez de ser ponte de salvação poderá ser meio de condenação.  As más influências dos ignorantes podem destruir um chamado de Deus.
Aí está o motivo, a importância e a permanência de tantas pessoas na Fraternidade. Elas vem em busca de formações e testemunhos, pois assim, irão clarear o entendimento do chamado de Deus sobre a forma de se portarem em Maria Santíssima em todos os momentos da vida
Se fosse solteira e tivesse a companhia de outras jovens com chamado também de matrimônio, seria interessante poder sem reservas conversar sobre namoro santo. Se tendo chamado ao celibato, o conforto de olhar para outros na comunidade e neles ver a alegria deste chamado.
Sendo matrimônio o meu estado de vida, a felicidade é grande em poder estar acompanhando fieis e anunciar a grandeza dos casais em serem companheiros e cúmplices.
Quanto é bom é a vivência fraterna em Deus.

5 – Como a vida e o testemunho de Nossa Senhora são alicerces para o seu estado de vida?
Vou falar sobre o chamado de fundação e nossa relação com a Virgem Maria e São José.
Tanto eu como César, somos em potencial, fundadores da Fraternidade Discípulos da Mãe de Deus. Lógico, que ele por ser homem tem suas características e funções, que lhe são inerentes. A Virgem Maria foi fecundada, Ela abrigou o menino Deus em seu ventre. Acreditou primeiro. Mas seria certo dizer que São José não é o Pai de Jesus? Ele também não o abrigou em seu coração e no tempo acreditou no projeto?
Pois bem, eu fui participar de um momento de oração na Comunidade Maria Auxiliadora, e num repouso no Espírito eu fui fecundada com o carisma de fundação. César até então não compreendia este chamado, mas como a Virgem Maria, eu esperava em Deus, que ele também sentisse o chamado, pois somos uma só carne.
E como São José, César também com o tempo, compreendeu que o que estava acontecendo conosco era vontade de Deus. Passado alguns meses, numa celebração de inauguração da gráfica, César que estava fazendo a oração da assembléia, citou a intenção pela Fraternidade Discípulos da Mãe de Deus. Ou seja, como São José foi ele a dar o nome a recém criança.
Percebemos que entre São José e a Santíssima Virgem não há competições, mas que buscavam, um complementar o outro. É isto que nos esforçamos para estabelecer em nosso matrimônio. Eu tenho o papel de ajudá-lo a copiar as virtudes de São José, mas ele também deve me levar a imitar a Virgem Maria.

6 - Que conselhos você daria para as pessoas que tem dificuldade para viver sua vocação ou ainda não definiram seu estado de vida?
Se uma pessoa diz ter a vocação Discípulos da Mãe de Deus e tem duvida de seu estado de vida, será um processo bem mais fácil de discernimento do que uma pessoa que diz ter duvida na vocação Discípulos da Mãe de Deus e tem certeza de seu estado de vida. A Fraternidade terá autoridade naquelas pessoas que Deus derramar o carisma. Ou seja, quem não for Discípulo, terá dificuldade em compreender as diretrizes da Fraternidade.
Nenhum individuo chega com total certeza de sua vocação e estado de vida. Estes vão se confirmando com o tempo. Assim, minha sugestão é docilidade ao Espírito Santo e não espere que seja o fundador a determinar o chamado de Deus. A comunidade apenas coloca caminhos a serem seguidos mediante resposta do fiel a vontade do Altíssimo.





César Mariano e Mara Maria
Fundadores da Fraternidade Discípulos da Mãe de Deus

3 comentários:

  1. A entrevista foi de uma riqueza e crescimento espiritual tanto para os membros como os que estão em discernimento vocacional. Que nossa Senhor a e São Luis interceda por nós.

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  2. Esta entrevista é para todos que ainda tem dúvidas.Ela só vem comfirmar tudo aquilo que quero para mim.Parabéns que Deus e a virgem Maria abençoe vocês cada vez mais.

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  3. E continuando o que eu disse, que o céu se derrame sobre vocês. Rita de Maria

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