terça-feira, 9 de agosto de 2011

Entrevista: O Celibato na vocação Discípulos da Mãe de Deus

Isabelle de Maria, é membro da Fraternidade Discípulos da Mãe de Deus desde 2008, em 2010 entrou oficialmente para a comunidade de vida, renunciando aos projetos pessoais para ofertar sua vida inteiramente na vocação. Abraçando o celibato na mesma época hoje busca viver como Discípula da Mãe de Deus o amor indiviso a Deus pelo Reino dos Céus.
 
 
1 – Quando você sentiu o desejo de viver a sua vocação na Igreja?
Isabelle: Com a graça de Deus eu fui educada com bases profundas de doação e serviço a Deus na Igreja, principalmente incentivada por minha mãe. Desde criança servir a Deus era essencial e nunca foi uma obrigação, sim uma alegria. No início de minha adolescência senti um forte chamado a uma vida de maior intimidade com Deus, porém não tinha maturidade para entender o chamado.
Aos 18 anos, por ocasião de uma romaria, senti-me amada por Deus de uma forma que nunca havia experimentado. Após voltar dessa viagem busquei viver esse amor, conheci a Consagração a Jesus por Maria Santíssima e consagrei-me. Porém, por um tempo desviei meu coração da vontade de Deus e me afastei do Senhor, mas a vocação que Jesus tinha infundido desde toda a eternidade em minha alma e a Consagração a Virgem Maria foram fundamentais para que se manifestasse o senhorio de Jesus e Sua Mãe Santíssima em minha vida.
Após conhecer a Fraternidade e começar a servir ao Senhor nela, meus olhos passaram a enxergar mais claramente, meus ouvidos começaram a escutar com nitidez e meu coração abriu-se ao meu chamado, e então eu não podia conter-me em dar apenas parte do meu tempo e de minhas forças, eu queria dar tudo. Então entrei para a comunidade de vida e comecei logo após, com as bênçãos do Carisma, a caminhar para a Consagração Celibatária por amor a Deus e em vista do reino dos Céus. 

2 – Como você faz para se tornar modelo para os outros na sua vocação?
A nossa palavra de fundação nos pede que tornemo-nos modelo para os fiéis, então testemunhar com a vida é chamado de todos que caminham na Fraternidade. A doação plena na Missão e a vivência radical dos votos e compromissos assumidos é essencial para edificação do próximo, pois pede Jesus: “brilhe vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai que está nos céus". (cf. Mt 5,16) , portanto ser modelo para os fiéis não é uma auto-promoção egoísta mas uma forma de incentivo aos irmãos. Como alguém que caminha com o coração indiviso e é chamado a amar a Deus com todas as forças e entendimento, busco empreender todo o meu tempo na evangelização e viver radicalmente as dimensões da minha regra de vida.    

3 – Como você concilia a sua vocação nas suas atividades do dia-a-dia?
Um celibatário que opta em abraçar a vocação é convidado a amar a Deus sobre todas as coisas e ser extensão concreta do amor de Deus a todos, mas principalmente àqueles que mais precisam desse humano amor de Deus. Enquanto vocacionada a viver esse estado de vida e para sentir-me capacitada para amar a humanidade com o coração e a liberdade de Deus se faz necessário a união ao Coração de Jesus, de onde brota esse amor divino à humanidade. Essa união só é estreitada na intimidade da oração.
A vida de oração contínua se dá não apenas na minha oração pessoal, mas em um constante comunicar-se com Deus. Igual a alguém que ama deseja estar sempre em contato com o ser amado, em todas as tarefas e compromissos de evangelização busco estar ligando-me a Ele. Creio também que estar vivendo meu chamado ao Celibato na Comunidade de Vida facilita a união íntima com Deus na oração pessoal, graças ao encontro diário na Adoração.
Na missão, a doação plena é unir-se a Jesus na sua vida pública na Evangelização, unir-se em Seu zelo com as almas e com a qualidade do que é anunciado e de como será anunciado. 

4 – A vivência fraterna na comunidade ajuda no discernimento e modelo de atitudes para a sua vocação?
Sim, pois a vivência com os irmãos desperta o desejo da unidade. Desejosa dessa unidade, busco captar as dificuldades de cada irmão e a carência geral, que é reflexo minimizado de toda a humanidade. Com a mediação e intercessão da Virgem Maria que vem em socorro dizer que não se tem mais vinho e unida ao Cristo buscar apresentar a possibilidade de um vinho novo e tornar-me instrumento de Salvação. Essa missão de ser uma extensão do amor de Deus aos homens que cresce no meu coração indiviso como zelo pela missão Salvífica de Cristo que atualiza todos os dias o desejo cada vez maior de ser conformada a Jesus na fôrma da Virgem Maria.
Experimentar conviver em Fraternidade com casais que santamente se dão em Matrimônio ou que caminham para tal é uma experiência bastante rica para um coração chamado ao indiviso amor a Deus, pois percebo concretamente que meu coração deseja amar ao semelhante com um amor que ultrapassa o desejo de tê-lo para mim.  

5 – Como as virtudes de Nossa Senhora são alicerces para a sua vocação?
Cada um de nós tem sua personalidade, porém todos nós devemos configurar-nos a Jesus. Viver as virtudes da Virgem Maria é essencial para esse processo, pois o mais profundo desejo do celibatário é unir-se ao Amado em tudo, e praticar as virtudes da Mãe de Deus é buscar parecer-se com a criatura que nesta terra teve a graça de mais parecer-se com o Deus Humanado. Como a minha vocação é pelo Reino dos Céus, a Virgem Maria como diz a nossa Santa Igreja, é o nosso ícone escatológico, ou seja, Ela já atingiu a perfeição humana na terra e já no Céu desfruta da glória eterna.  

6 - Que conselhos você daria para as pessoas que tem dificuldade para viver sua vocação ou ainda não definiram seu estado de vida?
Sei que a maioria das pessoas que já caminham pelas veredas do Bom Deus já sentiram o impulso em seu íntimo do que é vontade de Deus para a sua vida.  Porém o medo de abraçar a vocação e/ou de não vivê-la com fidelidade causa repulsa e negação. Deixo como testemunho que: por mais que seja difícil viver a vocação que o Senhor nos chama, a plenitude da felicidade nessa terra só é alcançada se vivermos a nossa vocação. A realização de nossa vocação é experimentar partículas ainda nesta terra da alegria que viveremos eternamente no Céu.


Isabelle de Maria

Membro nível II de vida, vocacionada ao Celibato.

2 comentários:

  1. O Celibato me faz participante da Eternidade de Deus, não há maior alegria do que viver esse amor que é pleno, que não passa pois é Eterno... Servindo e Amando a humanidade com um coração indiviso, para que todos tenham vida em Cristo.

    Sou Feliz!
    Sou Discípula da Mãe de Deus!

    "Em meio a minha pequenez, me lanço na eternidade de Deus".

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  2. Palavras muito sábias e esclarecedoras, para todos aqueles que desejam bem viver sua vocação em seu estado de vida específico, independente de qual seja!

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